segunda-feira, 28 de setembro de 2009

21 Anos Depois

Ainda eu não tinha 21 anos, aliás tinha 18 e os 21 pareciam-me longíssimo, quando saí do autocarro ao lado da Reitoria, dando início a uma nova e, à altura, mais importante etapa da minha vida. Estava um dia lindo de Sol, éramos seis e todos tínhamos entrado para a Faculdade. Penso muitas vezes que devia ter tropeçado no degrau do autocarro e batido com a cabeça ou torcido um pé. Talvez assim estivesse mais preparada para o monumental fracasso que se seguiu. Mas não tropecei, saltei alegremente para o passeio e verifiquei que tinha entrado para a minha primeira opção, tendo logo de seguida recebido um abraço apertado do homem que viria a ser o primeiro da minha vida.

Naquele primeiro dia o Futuro era maravilhoso e tinha finalmente chegado. Estava ali, e eu podia tocar-lhe. O Céu estava bem azul, mas quando olho para trás tenho a certeza de que o vi cor-de-rosa. Seguiram-se oito anos de aprendizagens várias e formação de personalidade, que terminaram com o nascimento do meu filho e uma admissão de derrota concretizada na mudança de curso e de instituição.

Vinte e um anos depois estaciono o carro perto da paragem do autocarro e saio cuidadosamente, com muita atenção para não tropeçar. Estou sozinha, mas não me sinto sozinha. Em vez de colegas a iniciarem comigo o percurso, tenho família e amigos a apoiarem-me os passos. O Céu continua azul, mas o Futuro foi ontem e, felizmente foi de todas as cores. Foco-me no hoje e nas possibilidades que permite e vejo-o em tons laranja e castanhos, quentes e suaves. Tento, com muita força não pensar no amanhã.

Sorrio aos caloiros pintados de azul que passam por mim e recordo o sentimento de que a vida começa aqui, sem saudade. Começou sim, mas voltou a começar muitas vezes depois e começa hoje, de novo. Sem tropeçar, mas ciente dos riscos, avanço devagar em direcção à primeira aula. Cheia de medo, nasço mais uma vez.

domingo, 27 de setembro de 2009

Eleições

Pela primeira vez, desde que voto (e agora que penso nisso, desde sempre) vi os resultados das eleições sozinha. E a sentir-me sozinha. Talvez porque tivesse criado expectativas, talvez porque adoro comentar, talvez porque os resultados me fizeram querer saltar pró colo de alguém e esconder-me, o certo é que senti a falta de ter outros adultos comigo.
Foi assim hoje, será assim de novo. As boas notícias são que, apesar do tom mariquinhas deste poste, não desatei a chorar e o telefone tocou 30 segundos depois das 20h. Asas azuis, portanto!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Recomeçar

É por vezes mais difícil do que começar. Caminhamos com o peso dos erros passados e exigimos de nós próprios que, no minímo, não os repitamos. Mas às vezes o fim é tão claro que agarrarmos o passado apenas modifica as recordações e as torna amargas.
Portanto aqui estou eu, renascida das cinzas e pronta pra recomeçar, com a noção de que, para além de viver e amar, preciso de escrever.