segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

40 anos

É muito tempo. Uma quantidade de tempo assustadoramente grande. Talvez por isso o meu medo de olhar para trás e fazer balanços, com um enorme receio de me deparar com quatro décadas recheadas de fracassos. Mas é um medo breve e efémero, rapidamente espantado pelos dois seres saltitantes que me enchem os dias (um mais saltitante do que o outro, eheheh).
E qualquer forma é um número redondo, par e terminado em zero e que pode, portanto, ser imbuído de inúmeros significados cabalísticos e esotéricos, coisa que não me apetece nada fazer. E o que nos traz por cá é precisamente aquilo que me apetece fazer.
É suposto a idade trazer sabedoria e lembro-me de me sentir feliz ao fazer trinta anos, muito mais cheia da dita sabedoria que devo ter gasto nos últimos dez anos, uma vez que me sinto muito pouco sábia por estes dias. Olho para mim e para as pessoas da minha idade e vejo-nos miúdos grandes e imaturos, com grandes egos e a fazer birrinhas, guerrinhas e a chamar a atenção dos outros como se a vida fosse um infindável recreio da escola. Acabo por concluir que não se trata de imaturidade mas de características intrínsecas da espécie humana.
Não me sinto sábia, mas sinto que aprendi, com os meus erros e os dos outros e que a última década foi, de todas, a que mais me marcou. As experiências que vivi, boas e más, integrei-as, fazem parte de mim, posso revivê-las a qualquer momento, num relampejar de memória. As pessoas que as viveram comigo não são tão acessíveis, embora me tenham marcado de igual forma: um café num dia cinzento, um sorriso no corredor da escola, uma ida ao cinema, um sms inesperado ou simplesmente por terem estado lá, prontos para me apanhar se eu tropeçasse.
Consegui reunir uma parte delas no Fim-de-semana dos meus anos. Sou uma pessoa cheia de sorte.