terça-feira, 13 de setembro de 2011

Palavras dançarinas

É assim que sei que tenho de escrever, quando as palavras me dançam na mente, rodopiam e embatem nas paredes do craneo, como se movidas por uma força superior. E nasce a vontade de ver os dedos a saltitarem sobre as teclas libertando os sentimentos, desanuviando as angústias, lavando a alma. Será desta que recomeço?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

40 anos

É muito tempo. Uma quantidade de tempo assustadoramente grande. Talvez por isso o meu medo de olhar para trás e fazer balanços, com um enorme receio de me deparar com quatro décadas recheadas de fracassos. Mas é um medo breve e efémero, rapidamente espantado pelos dois seres saltitantes que me enchem os dias (um mais saltitante do que o outro, eheheh).
E qualquer forma é um número redondo, par e terminado em zero e que pode, portanto, ser imbuído de inúmeros significados cabalísticos e esotéricos, coisa que não me apetece nada fazer. E o que nos traz por cá é precisamente aquilo que me apetece fazer.
É suposto a idade trazer sabedoria e lembro-me de me sentir feliz ao fazer trinta anos, muito mais cheia da dita sabedoria que devo ter gasto nos últimos dez anos, uma vez que me sinto muito pouco sábia por estes dias. Olho para mim e para as pessoas da minha idade e vejo-nos miúdos grandes e imaturos, com grandes egos e a fazer birrinhas, guerrinhas e a chamar a atenção dos outros como se a vida fosse um infindável recreio da escola. Acabo por concluir que não se trata de imaturidade mas de características intrínsecas da espécie humana.
Não me sinto sábia, mas sinto que aprendi, com os meus erros e os dos outros e que a última década foi, de todas, a que mais me marcou. As experiências que vivi, boas e más, integrei-as, fazem parte de mim, posso revivê-las a qualquer momento, num relampejar de memória. As pessoas que as viveram comigo não são tão acessíveis, embora me tenham marcado de igual forma: um café num dia cinzento, um sorriso no corredor da escola, uma ida ao cinema, um sms inesperado ou simplesmente por terem estado lá, prontos para me apanhar se eu tropeçasse.
Consegui reunir uma parte delas no Fim-de-semana dos meus anos. Sou uma pessoa cheia de sorte.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sonhar Acordada

Não sei se é um hábito se é uma forma de vida. Sempre o fiz, desde pequenina, quando sonhava quer era a Heidi para combater as insónias, antes de descobrir o efeito relaxante dos livros. Muitas vezes estes sonhos desfazem-se sem deixar rasto, como uma bola de sabão, em contacto com a dura realidade. Outras vezes transformam-se em planos mais ou menos complexos que dão origem a situações simpáticas ou a grandes desilusões. Estes sãooas piores, os que doem, os que me levam por vezes a querer esconder-me, fugir para Sul ou simplesmente parar de sonhar.
Mas depois da dor e das lágrimas, depois de perceber que a vida não é cor-de-rosa e que não consigo mudar o Mundo, depois de aprender mais uma dolorosa lição, fecho os olhos e volto a sonhar, porque sonhar é como comer, respirar ou tão simplesmente escrever. É uma condição para me manter viva e mentalmente sã, faz parte de mim.
Provavelmente vou cair e magoar-me. Provavelmente vai doer horrores e vou desejar ter ouvido todos os conselhos e ter ficado quieta. Mas se não sonhar anulo uma parte importante da minha personalide, deixo de ser eu. Serei assim tão difícil de entender?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fraca

Às vezes ponho-me a pensar razões e não adianta. Ando em círculos dentro da minha cabeça. Faço círculos à volta do meu corpo.
No fundo tudo se resume a uma enorme e monumental preguiça. Não quero fazer as coisas. Luto para resistir e não consigo e perco.
Como é que os outros conseguem? Como é possível que há quem avance corajosamente contra tudo e todos e faça maravilhas?
E depois há as recriminações: fraca, cobarde, inútil!
Há dias em que não consigo de todo gostar de mim. Hoje é o dia.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

E se eu soubesse escrever ficção I

Ela aparece, virando a esquina da manhã, surgida do meio do nevoeiro. Dá-me dois beijos frios, frescos, despachados. "Então, como é que tens andado?" pergunta enquanto tira o casaco e se senta com gestos decididos.
Rodo a chávena do café, enquanto procuro uma resposta que não fosse mentira. "Tenho tanta coisa para te contar!" Digo, desviando-me para a frente. "Já comeste? Têm umas torradas fabulosas."
Não quero falar, não quero que ela saiba como os sonhos se esvairam, não lhe quero dizer que as promessas que fizemos escorregaram de mim.
"Então e tu, que tens feito?" Passo-lhe a bola. Mas sei que ma vai devolver num instante. Nunca perdeu a frontalidade nem a mania de fazer perguntas directas, a roçar a indelicadeza.
Olho-a nos olhos, verdes e frios e sei que não a trocava por nada. Deixo-me embalar pela narrativa dela e espero pela minha vez de desnudar a alma, sem medo, a saber que os sonhos estão guardados em nós e vão reaparecer mais vezes, nas manhãs de nevoeiro, quando for preciso refrescar o espírito.

Não se aflijam

Preparem-se para dar aula na próxima Sexta sobre a abordagem que pretendem seguir na vossa tese, definição, objectivos e limitações, baseados no Creswell e noutra bibliografia, mas não se aflijam.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pólvora

O princípio da solução para o eterno problema da Vida, do Universo e de Tudo, o início de quarenta e dois é, obviamente, chocolate preto.