quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vinte e Dois

Hoje procuro em mim respostas e razões. Não as encontro e sinto-me vazia e falhada.
Há quinze anos acordei nervosa, cedinho, para ser penteada com mil ganchos e cuidados. Abrimos um vinho velho e que já estava passado do prazo, tirámos fotografias cuidadas a registar o início de uma etapa que, na realidade e um pouco em segredo, já tinha começado uns meses antes. Lembro-me de que estava feliz e me sentia lindíssima.
Foi uma manhã de sobressaltos e e semi-confusões, sobre as quais nunca reflecti nos catorze anos seguintes em que assinalei a data. A minha irmã discutiu com o marido, eu zanguei-me com a minha avó, tu chegaste atrasado. TU. Eras o meu Universo na altura. Procuro as esperanças e as certezas que me enchiam há quinze anos. Esfumaram-se, como algumas das pessoas que estiveram connosco nesse dia, demasiadas.
Se voltasse atrás voltava a fazer o mesmo, talvez com menos nervos, talvez com mais angústias. Os anos que se seguiram foram anos de crescimento, descoberta e conquistas que fizeram de nós o que somos hoje. Foram anos de companheirismo e com épocas de felicidade intensa.
Há quinze anos não fiz promessas, não precisava, repleta que estava de certezas, limitei-me a declarar a minha vontade em estar contigo. Hoje prometo, para sempre, aconteça o que acontecer, amo-te e vou amar-te, porque não consigo imaginar-me de outra forma.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vazio

Mais do que saber-te sempre aí, hoje gostava de te sentir aqui.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os Grandes Amores não Morrem Nunca.

É uma impossibilidade física. Amar implica dar-nos, entregar-nos a alguém, incorporar o outro em nós. Não se pode perder isso. Por mais que nos afastemos seremos sempre parte um do outro. Por mais que pensemos que acabou, que não dá mais para partilhar a vida e o espaço, deixar de amar é impossível. E assim soltamos os amores sem os perdermos e vamos acumulando afectos por aí. Afectos grandes, profundos e, acima de tudo, eternos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Agarro-me

Agarro-me às datas e reviro-as tentando dar-lhes sentido. Tento destrinçar as pontas, perceber fins e inícios, perceber onde acabo e onde começo. As pontas rodopiam na minha cabeça e enrolam-se num novelo emaranhado.
Uma vez, quando morava num terceiro andar no centro de uma aldeia, deixei cair um novelo por entre as grades da varanda, só pelo prazer de o poder voltar a enrolar. Foi uma carga de trabalhos trazer toda a lã de volta à varanda e emranhou-se de tal forma que nunca mais o consegui voltar a enrolar. Lembro-me da fúria da minha mãe quando descobriu e das palmadas que levei.
Parecida com a minha fúria de hoje ao descobrir as minhas almofadas espalhadas no chão do meu quarto, com a grande diferença que não houve palmadas para o adolescente infractor. Para quê as palmadas? Não enrolaram o novelo e não tirariam o pó das almofadas.
Como tudo isto me parece sem importância perante os problemas reais dos outros. Fins e principios na verdade, como a lã. E é agora que faço filosofia barata, ao dizer que o fim ou o princípio são exactamente iguais e decididos por nós no momento em que começamos, uma vez mais, a enrolar a vida.